Um dos mistérios que rondam
a medicina é como mulheres soropositivas conseguem dar à luz filhos que não têm
o HIV. Pesquisadores tentaram entender esse mecanismo em um
experimento com macacos rhesus. Ao colocar filhotes ainda no útero de mães em
contato com o SIV, micro-organismo parecido com o HIV e que afeta primatas não
humanos, identificaram marcadores imunológicos que protegeram as pequenas
cobaias do patógeno. Segundo eles, a descoberta, detalhada na revista Science Translational Medicine,
pode ajudar no desenvolvimento de vacinas contra a Aids.
A equipe liderada por Joseph
McCune, chefe da Divisão de Medicina Experimental da Universidade da
Califórnia, partiu de estudos anteriores que indicavam a possibilidade de haver
uma maior proteção ao vírus em bebês que tinham sido expostos ao HIV antes do
nascimento. “Observações mostram que a exposição a patógenos infecciosos no
útero pode resultar em respostas imunitárias reduzidas ou tolerância. Temos a
hipótese de que a exposição fetal ao HIV pode tornar o feto resistente ao
vírus, diminuindo, assim, os danos causados pela infecção na vida adulta”,
destacam os autores no estudo divulgado hoje.
Para provar a suspeita,
fetos de macacos foram expostos ao vírus da imunodeficiência símia (SIV) em
carga reduzida, incapaz de desencadear a doença. Após o nascimento, esses
filhotes e os de um grupo de controle que ainda não tinham tido contato com o
vírus receberam uma versão mais forte do micro-organismo. Os primeiros
mostraram maior resistência à doença do que os pertencentes ao segundo grupo.
Não que não tenham ficado doentes, mas o SIV os prejudicou menos.
Os cientistas explicam que,
mesmo não sendo 100% eficaz, a barreira à doença mostra um diferencial quanto à
exposição precoce de bebês ao vírus. “Os animais expostos ao SIV no útero
melhoraram as respostas imunes. Embora o desenvolvimento de uma maior
tolerância não tenha sido demonstrado, os resultados apoiam a hipótese de que a
exposição a esse vírus durante o primeiro trimestre tem um efeito sobre a
resposta do recém-nascido a ele”, ponderam os autores no artigo.
Fonte: Saúde Plena
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