Ondas de calor seguidas de suores
frios, insônia, pele seca, falta de lubrificação vaginal, baixa libido,
alterações de humor, depressão. Esses sintomas que, em geral, surgem depois dos
50 anos, são indícios de que a mulher logo entrará na menopausa, etapa da vida
que se caracteriza pela total interrupção da menstruação e pelo fim da fase
reprodutiva feminina. Algumas nem sentem a passagem, outras, entretanto, sofrem
com maior ou menor intensidade o desconforto desses sintomas.
A solução para esses sintomas? A
reposição hormonal, certo? Errado! Um estudo realizado há quase 10 anos indicou
um aumento do risco de câncer em usuárias da reposição, e, apesar de diversas
críticas, o impacto dos resultados provocou queda de 90% das prescrições da
terapêutica de reposição hormonal.
O assunto é polêmico e gera
controvérsia. E dúvidas pairam no ar. Para esclarecer algumas delas, e também
alguns pontos importantes sobre a reposição hormonal, o Blog da Saúde conversou com o Dr. Sergio Podgaec,
ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein.
Todas as mulheres podem fazer reposição hormonal?
R:
Não, nem todas as mulheres podem fazer esse tratamento. Há algumas situações
que contra-indicam a terapia hormonal, como câncer de mama e endométrio,
tromboembolismo agudo ou prévio, doenças ativas no fígado e
sangramento genital de causa indeterminada, além de hipertensão e diabetes não
controladas.
Existem alternativas naturais ao tratamento com reposição
hormonal?
R: Sim,
a fitoterapia com substâncias derivadas de plantas, como a isoflavona da soja,
podem ter ação nos sintomas que as pacientes apresentam, principalmente nas
ondas de calor. Outras alternativas, como amora, soja e alimentos ricos em
cálcio, além de atividade física que fortaleça a musculatura podem
auxiliar na prevenção dos efeitos que a falta dos hormônios pode provocar.
A reposição hormonal aumenta o risco de se ter câncer?
R: Há
uma controvérsia nessa questão. É consenso que a reposição feita apenas com
estrogênios aumenta o risco de câncer de endométrio, o que indica a necessidade
de reposição conjunta com progestagênios, eliminando esse risco. Porém, em
relação ao câncer de mama, um importante estudo realizado há quase 10 anos
indicou aumento do risco da neoplasia maligna da mama em usuárias de terapia
hormonal combinada, ou seja, com estrogênio e progestagênio. Diversas críticas
foram feitas a esse estudo, mas o impacto desses resultados provocaram queda de
90% das prescrições da terapêutica de reposição hormonal.
A reposição hormonal provoca o aumento de peso?
R: Não,
porém o aumento de peso é, em geral, uma tendência do processo de
envelhecimento e das modificações hormonais dessa fase da vida. Combater o
sedentarismo e modificar os hábitos alimentares são excelentes medidas que
auxiliam a evitar esse problema. A reposição hormonal, quando indicada, pode
melhorar a qualidade de vida da paciente em conjunto com essas outras medidas.
A reposição melhora a qualidade de vida das mulheres em
menopausa?
R: Sim,
a terapia hormonal pode beneficiar a vida das mulheres em vários aspectos.
Ondas de calor, irritabilidade, insônia, secura vaginal, diminuição da libido,
entre outros sintomas, quando presentes no cotidiano das pacientes, melhoram de
forma consistente com esse tratamento. Além disso, preventivamente e quando
utilizados no momento adequado, os hormônios podem evitar modificações no
perfil do colesterol, protegendo quanto ao risco de doenças cardiovasculares e
no metabolismo ósseo, com diminuição no risco de desenvolvimento de
osteoporose. Essas medidas, sem dúvida, melhoram a qualidade de vida das
mulheres nesse momento de mudanças.
O tratamento não pode ser feito por longos períodos?
R: Atualmente,
devido aos estudos que relacionaram a terapia hormonal com doenças
tromboembólicas e câncer de mama, a recomendação é de uso de baixas dosagens de
estrogênios e progestagênios, utilizados por curtos períodos de tempo,
adaptados individualmente às necessidades de cada paciente. Usar a terapia
hormonal por um período indeterminado deixou de ser prescrição habitual.
O tratamento deve ser iniciado assim que surgem os
primeiros sintomas de menopausa?
R: Esse
tratamento deve ser individualizado. Mulheres muito sintomáticas podem iniciar
a terapia hormonal mais precocemente, porém aquelas com pouco ou nenhum sintoma
e avaliação lipídica e de massa óssea com bons resultados podem não necessitar
de reposição hormonal. Porém, cada situação deve ser avaliada de forma
criteriosa para considerar os riscos e os benefícios descritos acima
.
Mulheres que fumam sofrem mais com as ondas de calor?
R: Parece
que há uma relação nesse sentido, mas não comprovada com estudos controlados.
De toda forma, o tabagismo é um obstáculo para a reposição hormonal, pois em
conjunto com os estrogênios pode aumentar o risco de fenômenos tromboembólicos
nessas mulheres.
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