Fonte: O Estado de S. Paulo
Críticos afirmam que a
roda pode ser usada por pais inescrupulosos ou até cafetões para pressionar as
mães a abandonar seus bebês. "Estudos na Hungria mostram que não são
necessariamente as mães que depositam seus filhos nessas caixas, mas, por outro
lado, parentes, cafetões, padrastos e até mesmo os pais biológicos", disse
em entrevista à BBC Kevin Browne, da Universidade de Nottingham. "Como o
processo é realizado no anonimato e não inclui qualquer aconselhamento
psicológico à mãe, cria um precedente perigoso tanto para a mulher como para a
criança", acrescentou.
Para o estudioso, ao
facilitar o processo de abandono de um bebê, as mães ficam menos suscetíveis a
receber a ajuda necessária em uma situação de grande trauma emocional e, até
mesmo, de risco para sua saúde. Partidários da medida afirmam que estão
oferecendo a mães desesperadas uma maneira segura de abandonar filhos
indesejados. Recentemente, uma mãe alemã foi condenada por atirar seu filho
recém-nascido da janela do quinto andar de um edifício.
Para Gabriele Stangl, do
Hospital Waldfriede em Berlim, que recebe dezenas de recém-nascidos por ano, a
prática moderna da "roda" salva vidas, e, diferentemente do que pensa
Browne, também aumenta os direitos das crianças. Segundo ela, o sistema conta
com todas as facilidades de uma maternidade comum. Uma vez que o bebê é
depositado no berço improvisado, um alarme soa e uma equipe de médicos chega
para checar o estado de saúde do recém-nascido.
A criança, então, é
tratada no hospital e nutrida até ser encaminhada ao sistema legal de adoção.
Neste período inicial, as mães têm o direito de buscarem de volta seus filhos
caso se arrependam. Porém, uma vez feita a adoção, não há mais recurso. Não são
raros os casos das mães que decidem voltar atrás em sua decisão. Uma delas
contou à BBC que, como engravidou muito jovem e não tinha o apoio do pai da
criança, ficou em estado de choque após o nascimento e decidiu colocar o filho
na "roda". Ela, entretanto, se arrependeu uma semana depois.
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