Fonte: Blog da Saúde
O Brasil dará início à produção em larga escala de mosquito
transgênico que será utilizado para o combate à dengue. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
participa na Bahia da inauguração da fábrica com maior capacidade de produção
mundial do mosquito da dengue estéril. A unidade funcionará em Juazeiro, na
sede da empresa pública Moscamed, especializada na produção de insetos transgênicos para
controle biológico de pragas.
Com 720 m2 de área, a unidade fabril vai confeccionar em larga
escala do macho do Aedes Aegypt geneticamente modificado. A produção
do mosquito transgênico será supervisionada pelo Ministério. A intenção do
governo federal é utilizar tecnologia inovadora criada nacionalmente como opção
de controle da dengue em todo o Brasil. “Nós incentivamos o desenvolvimento
deste projeto e vamos monitorar de perto, pois promete ser uma alternativa
efetiva de controle da principal epidemia urbana do país.
A unidade fabril é um braço da empresa pública Moscamed,
biofábrica criada em 2005 e subsidiada pelo Ministério e pelo governo do estado da Bahia,
especializada na produção de insetos transgênicos para controle biológico de
pragas. Sua capacidade máxima de produção é 4 milhões de machos do Aedes Aegypt
estéreis por semana. Estes mosquitos, liberados no ambiente em quantidade duas
vezes maior do que os mosquitos não-estéreis, vão atrair as fêmeas para cópula,
mas sua prole não será capaz de atingir a fase adulta, o que deve reduzir a população
de Aedes a tal nível que controle a transmissão da dengue.
Inicialmente, os insetos serão liberados no município baiano de
Jacobina, com 79 mil habitantes, que apresentou 1.647 casos de dengue e dois
óbitos pela doença só neste primeiro semestre de 2012. A ação é inédita
mundialmente: é a maior liberação de insetos transgênicos de controle urbano do
mosquito da dengue. O governo de estado da Bahia está investindo 1,7 milhões no
projeto.
Já há resultado bem sucedido de
projeto piloto realizado entre 2011 e 2012 em dois bairros de Juazeiro (BA) –
Mandacaru e Itaberaba –, ambos com cerca de 3 mil habitantes, e alto índice de
proliferação do mosquito. Com o emprego desta técnica, houve redução de 90%
população do mosquito em seis meses nestes distritos. Com a experiência em
Jacobina, uma cidade de médio porte, será possível mensurar a redução da doença
na população. O projeto em Jacobina também vai verificar a melhor maneira de
adaptar o mosquito ao ambiente, como transporte e logística adequados.
Inicialmente, será transportada a pupa (fase do inseto) em containers, e não o
mosquito adulto, pois acredita-se que este morreria após algumas horas de
viagem.
A partir dos resultados, o
governo poderá expandir a estratégia para todo o país e, dentro de alguns anos,
incorporá-la ao Sistema Único de Saúde (SUS) como um dos mecanismos de combate
à doença. Os estudos para mensurar o impacto em termos de redução da dengue
levam pelo menos 5 anos, de acordo com o National Institute of Health (órgão equivalente ao Ministério da Saúde americano).
Para que a tecnologia seja incorporada ao SUS e reproduzida comercialmente por
empresas privadas, deve ter a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do
Ministério da Saúde, da ANVISA, do IBAMA e do
Ministério da Agricultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário