O consumo de
álcool é considerado uma das principais causas de acidente no Brasil. Com o
objetivo de reduzir o problema, a Lei número 1.1705/2008, a Lei Seca, tornou as
punições mais rigorosas e considerou como crime os casos em que o condutor
dirige sobre efeito de álcool. A Lei Seca reforçou a fiscalização no trânsito e
levou o bafômetro para as ruas. Contudo, após 29 meses de existência, as novas
regras que se tornaram polêmicas e que reduziram os acidentes por um tempo se
tornaram insuficientes.
Estudos da Associação Brasileira de Pesquisas em
Álcool e outras Drogas, apontam que se a sociedade conseguisse suprimir a
bebida alcoólica, as estatísticas de incidentes violentos sofreriam 53% de
redução.
Integrante dessa entidade, o psiquiatra gaúcho
Sérgio de Paula Ramos, especialista em tratamento da dependência química,
ressalta que o álcool é um catalisador, um gatilho para condutas agressivas. O
principal, já que seu consumo é liberado para maiores de 18 anos no Brasil.
O resultado é que o consumo de bebidas alcoólicas
está por trás de 72% dos acidentes de trânsito com ferimentos ou mortes. De 38%
dos suicídios. De 61% dos homicídios. E também em 50% das agressões dentro do
lar. Ramos lembra que, no primeiro mês de vigência da nova lei restringindo
consumo de bebidas por parte de motoristas (aquela que prevê prisão em flagrante
do condutor embriagado), ocorreu no Brasil 72% de redução nos acidentes
rodoviários.
A partir de 0,05% de álcool
no sangue, o organismo perde a conexão entre capacidade de julgamento e
controle de impulsos. O álcool interfere nas funções, leva à perda cognitiva.
Dependendo da alcoolemia, a chance de acidente pode aumentar quatro vezes ou
mais.
A impunidade no caso de
acidentes fatais com condutores embriagados também torna o número de vitimas
cada vez maior. Somente quem já perdeu um amigo ou familiar em um acidente de
trânsito envolvendo um condutor embriagado sabe a importância da Lei Seca.
O psiquiatra acredita que o número de eventos
violentos em geral sofreu também uma diminuição, mas não há estudos conclusivos
a respeito. O problema não é falta de lei, é de fiscalização. A sociedade faz
vistas grossas ao álcool. Falta peito para contrariar o poder econômico –
conclui Ramos.
Fonte: ABEAD
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