Em sua pesquisa de doutorado o cardiologista Marcelo Sampaio, do
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, encontrou características recorrentes
entre os jovens infartados. Avaliando o perfil de 257 pacientes que chegaram ao
hospital com este quadro antes dos 45 anos, 60% eram do sexo masculino e nove
em cada dez fumavam.
“Um acompanhamento posterior também mostra que estes pacientes
estão inseridos em um mercado de trabalho altamente competitivo e convivem com
a pressão desde muito cedo, já na época do vestibular”, completa Sampaio. “De
forma muito precoce também, eles têm, em geral, uma alimentação inadequada, já
estão com excesso de peso, convivem com a hipertensão, o colesterol ruim e
muitas vezes só descobrem isso quando infartam”, completa o estudioso.
Para completar o cenário de fatores de risco para o coração jovem
infartar, os médicos citam as drogas, em especial o ecstasy, a cocaína e o
álcool (consumidos, em maioria, simultaneamente). Pesquisadores da escola de
saúde de Harvard já detectaram que um em cada cinco pacientes usou entorpecente
horas antes de enfrentar este evento cardiovascular.
Fisiologicamente, a cocaína e os comprimidos sintéticos aceleram
os batimentos cardíacos e diminuem a capacidade do músculo do coração de
dilatar e contrair, o que acelera o processo de infarto. As overdoses deixam o organismo fragilizado e à beira de um ataque, podendo “pifar” por
causa de um esforço físico demasiado.
Outro ponto é que nem sempre os usuários revelam aos médicos e à
equipe de resgate que fizeram uso dessas substâncias psicoativas antes do
infarto, o que pode ser letal. Isso porque, o arsenal de medicações utilizadas
para a recuperação do coração que sofre o infarto é diferente para usuários de
drogas de abuso, já que nem todas podem ser misturadas e podem lesar ainda mais
o sistema cardiovascular.

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