sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Alexandre Padilha: Sedentarismo mata

    A atividade física sempre foi defendida para se manter saudável e retardar o aparecimento de doenças. Uma recente pesquisa americana, realizada em 122 países, foi muito além dessa verdade incontestável, trazendo um forte alerta: a inatividade física mata. Ela é mais letal do que o tabagismo.
     De acordo com o estudo, o tabaco causou 5,1 milhões de vítimas fatais no mundo em 2008. Já o sedentarismo respondeu por 5,3 milhões de mortes. A inatividade seria responsável por 6% das doenças coronarianas, 7% das diabetes tipo 2 e 10% dos cânceres de mama e de pulmão. Os números levaram os cientistas a considerar o sedentarismo uma pandemia.
      
      O Ministério da Saúde tem buscado investir não somente no tratamento de doenças, mas no cuidado de toda a saúde do brasileiro, da prevenção à cura.O Programa Academia da Saúde, lançado em 2011, incentiva a prática da atividade física e prevê a implantação de 4 mil polos até 2014.
    Há, em construção, 1.568 unidades. Todas terão infraestrutura, com equipamentos e profissionais para a orientação nutricional, de práticas corporais e de atividades físicas. Além disso, esses polos funcionam articulados com as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
     A iniciativa reforça nosso empenho em assegurar a melhoria da qualidade de vida da população, sobretudo a mais vulnerável, ao mesmo tempo em que evita mortes prematuras e reduz custos com medicamentos e internações. A disponibilidade de espaços públicos para exercícios eleva em até 30% a frequência de atividades físicas.
      Pessoas que passaram a se exercitar em projetos semelhantes apresentam melhoras na saúde, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro.
     Em três anos, nas academias cariocas, 83% dos frequentadores diminuíram a dosagem do medicamento, 41% a frequência ao dia e 7% não precisam mais ser medicados. Outros fatores que aumentam o risco cardíaco também sofreram drásticas quedas: 88% dos praticantes diminuíram o peso corporal, 62% o IMC e 84% a circunferência abdominal. Outra frente de atuação é com os planos de saúde. Resolução do Ministério da Saúde autoriza descontos para quem pratica atividade física.
       Para sair da estatística de sedentarismo, não é necessário praticar esporte. Exemplos da vida cotidiana, como estacionar o carro um pouco distante do local a que se destina e finalizar o trajeto a pé, subir pequenos lances de escada ou mesmo brincar com os filhos ou passear com o cachorro ajudam a combater a inatividade. As Academias da Saúde são mais um incentivo para que todos abracem essa ideia.
Alexandre Padilha é ministro da Saúde e presidente do Conselho Nacional de Saúde.
Artigo publicado na seção Tendência e Debates da Folha de São Paulo de 29.07.12

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