População e consumo: onde está o problema?
(José Eustáquio Diniz Alves)
EcoDEbate - dezembro 14, 2011
Existem pessoas que colocam toda a
culpa dos problemas do mundo no tamanho e no ritmo de incremento da população e
consideram que o crescimento demográfico é o principal responsável pela
reprodução da pobreza e pela degradação do meio ambiente. Mas também existem
outras pessoas que dizem exatamente o contrário e consideram que a população
não é um problema, pois a culpa da pobreza se deve à concentração da renda e da
propriedade, enquanto os maiores danos ao meio ambiente decorrem do impacto provocado
pelo volume e crescimento do consumo.
Os dados mostram que, ao longo da
história, a grande maioria da população mundial era pobre e tinha uma esperança
de vida média em torno dos 30 anos, situação que se manteve até a maior parte
do século XIX. No Brasil, nesta época, as péssimas condições de saúde e
educação da população em geral eram agravadas pela escravidão e a total falta
de autonomia das mulheres.
Portanto, a transição demográfica (de
altas para baixas taxas de mortalidade e fecundidade) e o processo de redução
da pobreza são dois fenômenos que se reforçam mutuamente. Neste sentido,
podemos dizer que não é o crescimento populacional que gera as situações de
miséria, mas, inegavelmente, uma redução no ritmo de crescimento demográfico
ajuda no processo de saída das condições de pobreza.
Por outro lado, a falta de recursos
educacionais e econômicos por parte das famílias e do Estado está
correlacionada com os territórios com maiores taxas de fecundidade. Desta
forma, alto crescimento populacional e carencia de recursos econômicos e
culturais se somam e constituem o chamado fenômeno da “armadilha da pobreza”.
Assim, nestes casos, a pobreza explica o alto crescimento populacional tanto
quanto o alto crescimento populacional explica a pobreza. Romper com este
círculo vicioso é o grande desafio colocado, por exemplo, pelos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, aprovados pela ONU, no ano 2000.

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