Max Milliano Melo
Correio Braziliense
Na próxima segunda-feira, em algum lugar da Índia, deve nascer um cidadão bastante simbólico. Provavelmente ele não saberá, e sua identidade dificilmente será conhecida, mas ele carregará o título de habitante número 7 bilhões da Terra. A marca, embora considerada por especialistas um motivo para comemoração, por representar um triunfo da espécie humana na ocupação do planeta, também é um sinal de que algo deve ser feito.
Em um mundo cada vez mais populoso, será preciso criar um padrão de desenvolvimento mais sustentável, garante o Relatório sobre a Situação da População Mundial 2011: pessoas e possibilidades em um mundo com 7 bilhões, lançado ontem pelo Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa).
Sete bilhões de pessoas representam enormes possibilidades de crescimento, desenvolvimento criativo e aperfeiçoamento da humanidade, garantem os estudiosos da questão. “É maravilhoso a família humana ter ido tão longe e tão rápido. Temos o potencial para nos desenvolver de tantas formas que não podemos sequer imaginar”, opina John Sulston, diretor do grupo de trabalho sobre populações da Real Sociedade do Reino Unido. “No entanto, nossa comunidade está colocando uma carga insustentável sobre a Terra, criando problemas que não podemos ignorar”, ressalva o britânico.
A marca populacional de hoje pode sim ser vista como uma ampliação das possibilidades criativas e de desenvolvimento, mas também carrega um problema gigantesco. Com uma população tão grande, a quantidade de água, de energia e de alimentos pode não ser suficiente, se mudanças no padrão de consumo não forem tomadas.
“A marca de 7 bilhões se apresenta como um desafio duplo, já que apresenta inúmeras possibilidades de desenvolvimento, mas pode aprofundar as desigualdades atualmente existentes entre os países”, contou ao Correio o representante do Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa) no Brasil, Harold Robinson.
De acordo com o relatório do órgão vinculado à ONU, outro problema da expansão populacional atual é o seu desequilíbrio. Algumas regiões crescem rapidamente, gerando uma carga populacional acima do que o ambiente pode suportar, enquanto em outras ocorre uma diminuição. Um exemplo desse descompasso são as diferentes taxas de fecundidade — ou seja, o número médio de filhos para cada mulher —, que é de 1,7 nos países ricos e pula para 4,8 nas nações mais pobres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário